O desejo

[...]

Ora, esses homens fazedores de magníficos poemas porque não tinham

amantes (nenhuma mulher ousaria associar a sua rosa às pústulas deles), esses

homens, sob o resplendor da minha amante, cinzelaram estrofes tão perfeitas

que o meu entusiasmo rebentou com a alegria de todo um circo.

Uma noite, esperando uma manifestação ainda mais grandiosa, insinuei:

- Bela, dá-lhes a esmola do teu corpo!

E imediatamente a seguir, disfarcei-me de ausência.

Consumado o banquete, os homens, depois de me terem gozado como se

eu não percebesse, esses homens, digo eu, glorificaram a Beleza em versos

deploráveis.

Saciado o seu desejo, nada mais havia do que almas banais, e a Beleza ficou

manchada.

Um dos maiores desgostos da minha vida!